Entrevista com moradores do bairro do Bixiga
Atualizado: 23 de nov. de 2021
Entre os dias 26 e 29 de outubro de 2021 entrevistamos por volta de 10 moradores do bairro. A partir da divulgação do projeto acadêmico nos grupos do Facebook: “Bixigas e Belas Vistas” e “Dicas do Bairro Bela Vista (Bixiga) SP”, os moradores se disponibilizaram para responder o questionário. A entrevista foi realizada totalmente online pelo Google Forms, e atingiu o seu objetivo de obter relatos, memórias e experiências dos moradores do Bairro do Bixiga em São Paulo.
A maioria dos moradores relataram que escolheram o Bixiga para morar por conta da facilidade de acesso ao transporte público e principais vias da cidade, apareço pelo estilo arquitetônico, sensação de pertencimento devido à memória afetiva de momentos familiares, preço do aluguel, acolhimento e ótimos restaurantes e cantinas italianas.
Em relação as mudanças e transformações no bairro desde que se mudaram enfatizaram: a chegada de novos estabelecimentos comerciais, voltado para um público mais jovem e moderno; diversificação da oferta de restaurantes, antes mais focados na culinária típica italiana; fechamento de estabelecimentos antigos e tradicionais (cantinas Capuano, Montecchiaro, restaurante Amazônia); gentrificação; novos empreendimentos imobiliários, focados em pequenos apartamentos; aumento dos blocos de Carnaval; muitos moradores de rua e dependentes químicos; a revitalização realizada pela FeComércio na rua e a Praça 14 Bis; chegada do Shopping Frei Caneca, que proporcionou uma opção de compras sem muita locomoção.
Os entrevistados citaram como locais de extrema importância para o bairro: Rua 13 de maio; Escola de Samba Vai-vai; nascente do Sapopemba (rio, na região do que pretende ser o Parque do Bixiga); Vila Itororó; Paróquia Nossa Senhora da Achiropita; Madame (antigo Madame Satã); Café Piu Piu; Lanchonete do Sr. Humberto (antigo "Empório do Bacalhau"); Museu Memória do Bixiga; Central Panelaço; Casa de Apoio Brenda Lee; Praça Dom Orione; Espaço Cultural Al Janiah; Teatros (Oficina e Sérgio Cardoso, Ruth Escobar, Agora e Raul Cortez).
Todos os entrevistados já frequentaram alguma edição da Festa da Nossa Senhora da Achiropita. Além disso, 8 entrevistados frequentaram Ensaios na quadra da Escola de Samba Vai – Vai e a Escadaria do Jazz. Por fim, dos 10 entrevistados, apenas 4 frequentaram o Museu Memória do Bixiga.
O aspecto da segurança foi abordado no questionário e 30% dos entrevistados consideram o Bairro do Bixiga seguro. Contudo, 60% dos entrevistados consideram que a segurança no bairro poderia melhorar. Sendo assim, além da segurança apontaram como melhorias necessárias no bairro: limpeza pública de praças e vias; pavimentação vias públicas e calçadas; iluminação pública; incentivo à restauração e preservação do patrimônio arquitetônico e cultural do bairro; incentivo ao turismo, mas não focado apenas no histórico das cantinas; conscientização da população para não jogar lixo nas ruas fora do horário que o caminhão de lixo opera; criação de um centro esportivo; e ação social para acolhimento dos moradores de rua e refugiados.
| Relatos: boas memórias e experiências no bairro do Bixiga.
“Passei vários carnavais aqui, na infância, pulando no Esfarrapados, o bloco de Carnaval mais antigo da cidade; os almoços/jantares de dia dos pais ou aniversário do meu pai eram sempre aqui; embora não seja o bairro onde nasceu meu filho, é onde ele vive a maior parte da sua vida.” - Karla Fabrício de Godoy, 43 anos, moradora há 7 anos.
“Blocos de Carnaval, festa da Achiropita, restaurantes, feira da Dom Orione.” - Elen Medeiros, 54 anos, moradora há 27 anos.
“Todas. A formação de minha identidade se confunde com a desse bairro.” - Rodrigo Amaral Paula de Meo, 38 anos, morador há 27 anos.
“Gosto de acordar cedo e ir olhar a feira ser montada, ou andar sem destino para ver onde as ruas do bairro me levam. Aqui casei, me separei, me aposentei. Tenho prazer de dizer que moro aqui. Sei que muitos não entendem esse amor aos prédios, ao concreto. Mas adoro ter a visão do Edifício Viadutos, Terraço Itália e da Torre do Gazeta. É minha paisagem maravilhosa! Descer na rua para ver a São Silvestre passar... Ver tudo o que é manifestação acontecendo ao vivo e participar de algumas... É isso, enfim!” - Ana Rosa Cardoso, 52 anos, moradora há 24 anos.
“Apesar de ser relativamente nova no bairro, já conheço mais pessoas do que conhecia no meu antigo endereço onde morei por mais de 30 anos e que mudou com o passar do tempo. Na minha idade é importante ter esse tipo de relacionamento, de vizinhança.” - Sandra Regina Degani Duarte, 66 anos, moradora há 1 ano.
“Os passeios e locais históricos da área e acesso facilitado a outras regiões da capital.” - Luis Henrique Marcondes, 35 anos, não informou há quanto tempo é morador.
“Rua 13 de maio, lembro da minha doce infância, foram anos muito felizes ao lado da minha família.” - Rosana Alves, 45 anos, moradora há 45 anos.
“Muitas peças de teatro, Ensaios da Vai Vai, Festa da Achiropita, bares de calçada com música ao vivo, passeios a pé, padarias artesanais, pizzas e massas sem igual, o jeito especial do morador e moradora do Bixiga.” - Claudia Maria Liuciano, 60 anos, moradora há 3 anos.
“Os bares da Rui Barbosa, particularmente o Café Piu Piu são parte da minha juventude por aqui. Os teatros também sempre valeram muito mais que o ingresso. As massas são ótimas. O Café Sabelucha já me mata de saudades.” - Walkíria Maria de Brito Urbano, 53 anos, moradora há 28 anos.
“Quando meu filho era pequrno e eu levava ele no Teatro, no Ruth Escobar, que infelizmente fechou. A quadra da Vai Vai, os barzinhos da 13 de Maio.” - Maria José Sousa, 55 anos, moradora há 26 anos.
As fotos desse artigo foram disponibilizadas pelos entrevistados, a fim de auxiliar o leitor durante a sua visita ao blog.
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